terça-feira, 2 de dezembro de 2008

As mulheres chegaram

LUGAR DE MULHER É NO ROCK TAMBÉM


Um dia, conversando com meu amigo e ex-guitarrista da Junkbox, lhe contei que estava muito afim de colocar mais uma guitarra na banda e perguntei o que ele achava da Junkbox ter uma guitarra tocada por uma mulher.
Ele me respondeu:
- Mulher não nasceu anatomicamente preparada pra tocar guitarra. - se referindo às mãos pequenas.

Hoje eu toco a única guita na banda, porque lugar de machista...

Desde junho, venho percebendo como avançou o número de mulheres com bandas, que tocam bateria, guitarra, baixo, além dos convencionais vocais.

Me surpreendeu a química dos garotos do Mentecapto, cujo som é extremamente vigoroso e nervoso com a pontuação de uma baixista.

Do pessoal de Curitiba, o Subburbia, onde o vocal é masculino e a guitarra e a bateria são tocadas pelas moças orientais da banda.

Nessa selva do mundo alternativo, as mulheres ocupam de forma, cada vez mais natural, um cenário que antes era ocupado somente por homens - o do rock. E, agora, não tem volta. Elas chegaram pra ficar.

Acho, particularmente, mais saudável a arquitetura mix, onde os sexos se misturam. Os caras estão valorizando, cada dia mais, as qualidades e capacidades destas artistas sem preconceitos infantis e medievais.
Como mulher, digo serem mais cavalheiros os moços do rock atual que os machos do axé, pagode e sertanejo, onde pra eles, lugar de mulher no palco é pelada.

Longa Vida ao Rock!


ALETHÁRGIKA - A PRIMEIRA BANDA 75% FEMININA


194
Sim devemos lembrar do guitarrista - o Gustavo que representa 1/4 da banda.
Formada há 1 ano, a banda de Betim foi criada na labuta e na raça, porque nem instrumentos tinham. Só sede de música.
Misturando grunge e punk, não apavoram ninguém. E nem é esse o propósito. São doces e ingênuas. Mostram uma criação leve e bem-humorada quando escrevem. Nos arranjos, conseguem pular tons queném gente grande. É... as meninas da banda tem entre 17 e 20 anos... Numa fase onde tudo é melhor ser cantado e composto em inglês, elas arrebentam na rima pátria.
Em 2009, uma boa aposta seria a dobra com o Cães do Cerrado, ou com a banda chilena Puta Marlon.
Agora, moçadinha, é chamar todo mundo de Betim pra ver o que vocês já estão aprontando em BH.


VOLARE TURBINADO pelo 55SH




O microfone mais cobiçado do BH Indie Music estava nas mãos da Mariana (Volare).
Nas timbragens eletrônicas de dois PC´s em transmissões aleatórias de áudio, a banda plana. Entre sonorizações virtuais e reais orgânicas, tudo é um composto só.
Este composto é um puta diferencial da banda que, ao meu ver, deveria ser cada vez mais explorado e exibido, inclusive usando prés do próprio vocal (só uma idéia).
E me desculpem a invasão, mas é que a gente coça, quer subir junto e participar da ação, quando a gente curte.
Pela terceira vez, a Mari sobe ao palco como vocalista da banda, experiência em experimentos múltiplos - profissionais, viscerais e emotivos. Ela se encontra nesta busca constante e nós a acompanhamos, desde o começo desta estrada. Voa, Mariana!
Numa banda onde o trabalho é tracejado em linha de encontro ao pop, ao eletrônico, onde as canções falam ao coração e por ele, nada mais natural que nos apaixonemos por quem dita e conta. Mari tem carisma, tem docilidade, tem timbragem, encanta e sabe disso.
Quando todos estamos em casa e num clima como o criado pelo BH Indie Music, onde todo mundo se conhece, se respeita e se admira, tudo flui, se beneficiam as bandas com o astral. Estão cada vez, mais soltas e donas do palco.
É bastante gratificante, ver.
E quando me perguntam sobre os melhores resultados do BH Indie Music, quando querem os números, a contabilidade das ações, eu falo da abertura dos espaços, dos números crescentes de shows e bandas atuantes, do crescimento do número de bons álbuns no mercado, mas, sinceramente, nada paga essa humanidade.


O RIO DE JANEIRO CONTINUA SENDO...

É galera, o Rio descobriu BH.
Toda vez que a galera sobe ao palco em BH, o discurso é o mesmo - o público aqui, pra música independente, é mais vigoroso que no Rio.
É foda ouvir isso de Cinzel e El Efecto, duas super bandas que arrebentaram em setembro por aqui. Quem não falou dos shows do El Efecto com deslumbre, é porque perdeu a apresentação dos caras. E o Cinzel que tem um som extremamente assimilável, indiepop, britpop, não ter espaço no Rio, faz-nos sentir num ensaio sobre a cegueira.
Ai, chegam os caras do Lambretta, música pra curtir em festas pra 1.000 pessoas, nada intimistas, pop rock no estilo Mário Bróz, influenciado na discografia noventista e contando a mesma história sobre a desvalorização musical no Rio... É de deixar a moçada indie grilada com o mercado.
Conversando um pouco com o Gustavo, produtor e músico que rala com a banda, discutimos sobre uma futura parceria no Rio. Trabalharmos juntos o mercado carioca. E vambora em 2009, pra que o Rio de Janeiro continue sendo de fevereiro e março e do ano inteiro de cultura, música, arte e festa!
O Lambretta entra por último no palco e dada a gentileza das bandas em pontualidade, o show começa antes da meia-noite. Bom pra todo mundo que estava lá. Curtiram 3 bandas e ainda voltaram cedo pra casa.
Poucas bandas trazem o som pop-rock aos palcos do BH Indie Music. A grande referência musical, se posso citar, fica com o rock alternativo que transita pelo punk. Além destes, uma mistura, por vezes, indecifrável e deliciosa.
O pop rock, gênero criado para assimilação radiofônica, nos anos 90, que muitas vezes se colocou como um rock romântico e menos agressivo que o conhecido de 70, parece perdido em calmaria. Amaldiçoado pelos undergrounds, buscou postura mercadológica bem antes de pensarmos nisso. Sobressairam-se os profissionais do pop rock, ao amadorismo grunge.
E se posso pensar que o pop é aquele cantado por grandes massas, soa presunçoso o pré-título. É rock, é rock e pronto.
O Lambretta se intitula melody indie. Seria melody rock? Indie melody rock? Indie Pop? Brit Rock?
Só acho que criamos títulos demais pra 8 anos de um século.
Independente do gênero trazido, a banda é coesa e profi pacas. E veio lançar seu EP aqui com a gente - grande honra.
Sorte pra eles e pra todos os amigos que fizemos do Rio.
É muito boa a visita de vocês nessa freqüência, porque a gente tem a sensação exata de que o Brasil é nosso e nossos vizinhos tão ali do lado.

3 comentários:

  1. são tantos sub-gêneros que eu ouço alguem inventar todo dia, que as vezes fica difícil,
    até por que as pessoas têm experimentado cada vez mais novos sons e eu acho que é assim que tem de ser, música livre.
    sem muitos rótulos ou descrição.
    de uns tempos pra cá o rótulo só tem sido útil pra gente saber onde encontrar determinado disco na prateleira das Americanas.hehe

    engraçado, isso me lembra que em 2002/2003 havia um movimento criado por um jornalista que tinha o seguinte slogan ''indie é o novo pop''.

    em pensar que na época eu subestimei a frase...

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  2. "Mulher não nasceu anatomicamente preparada pra tocar guitarra. - se referindo às mãos pequenas."

    Não entendi o sexismo.
    Um homem baixo , se for anatomicamente proporcional , também terá as mão pequenas , o que não o impede se ser um bom ou ótimo guitarrista , caso do Robertinho do Recife. Foi ou é um dos melhores do Brasil. E tantos outros . É só procurar que acha.

    Há guitarristas homens com mãos pequenas que são do primeiro time , e também mulheres , independemente do tamanho das mãos , que são do primeiro time.

    O que importa é o talento , a dedicação , a busca pela perfeição , e um pouco de sorte também ajuda. Estar sempre preparada para aproveitar a oportunidade.

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  3. Muito obrigada Malu pelo incentivo,isso é que me move e me faz acreditar que alcançar um sonho não é impossível.

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