quinta-feira, 15 de setembro de 2011

[Resenhas] V BH Indie Music - shows da 1ª semana

Edison  Elloy marcou platéia nos seis shows da 1ª Semana do V BH Indie Music e presenteou a gente com suas impressões sobre o que viu/assistiu nestes primeiros dias de festival nos textos abaixo.
As fotos são de Marcos Ganndu, nosso parceiro e colaborador do festival há muitas edições e milhares de imagens.
Os shows aconteceram no Centro Cultural Nem Secos, onde o festival será realizado todos os sábados e domingos até 16/10.

Se você esteve nos shows e quer compartilhar com os leitores do blog suas impressões, escreva e mande pra gente: bhindiemusic@gmail.com

Confira a resenha do Edison.


Sábado 10/09
Apresentações: Ek-Vertep (Suzano-SP), Los Ciegos (Ribeirão Pretos-SP), Os Selvagens (Ouro Preto-MG) e Os Decréptos (BH-MG)

Noite de estréia dos paulistas da Ek-Vertep, nova banda da baterista (ex-Maquiladoras), Déia Carvalho (vocalista e violonista), Johnny Medina (baixista) e Zé Ronconi (baterista, percussionista e vocalista). Um trio em total sintonia com a música e outras possibilidades sensoriais de expressão. Usam a pintura, em performance de Johnny Medina, usam projeções visuais, não apenas para ilustrar suas canções mas antes para instigar as mentes que buscam desafios. Três excelentes músicos, executam canções que não precisam ser classificadas, podem se auto-denominar uma banda de rock, mas estão lá elementos de folk, jazz. Está a canção na voz segura de Déia Carvalho, conduzindo apartir de seu violão, também turbinado com distorções e efeitos em melodias que envolvem e instigam. 

Los Ciegos, cantam o que sempre com sinceridade nasce da intenção de amigos ao decidirem formar uma banda. Cantam música honesta. A força da amizade faz com que  Eduardo Vidal (guitarra/voz) Rodrigo Henrique (guitarra/voz), Gabriel Pugliani (bateria), João Pitombeira (baixo), viagem por sete horas, apresentem-se e retornem para casa com a certeza do dever cumprido. Guitarras e texto fortes. Arranjos que remetem ou simulam um rock básico, engano. Canções muito bem arranjadas. "Vamos brincar de rir de inimigos". Los Ciegos simulam em canções, para forjar em seus textos nosso cotidiano almejado, tudo está lá nas entrelinhas de cada canção. Riffs e arpejos que marcam tem sempre lugar de destaque e eles sabem elaborar passagens que um cego não pode ver,  mas ouvidos atentos percebem. Apresentação sincera e correta, voltaram cansados para casa, mas voltaram felizes.

Estruturas sociais decadentes, instituições obsoletas em seu modo de pensar e agir. Fim de utopias, políticas neo-liberais derrotadas pelas evidências de seus equívocos e falhas. O punk rock da banda Ouropretana Os Selvagens, bate em todos os que alimentam ou sustentam estas estruturas tortas. Apresentação visceral, grita-se pelo que se acredita e também contra tudo o que perturba e incomoda. Refrões que dizem o que precisa ser absorvido por aqueles que ainda estão dormindo. Mas, não há como ficar parado ao som de punk rock de verdade. Ulysses - (vocal), Fabiano (guitarra), André Estanislau (baixo e voz), Douglas Dexter (bateria). Executaram canções e exorcizaram demônios, principalmente de seguidores fiéis, que vieram da histórica Ouro Preto acompanhando a banda. Forte e visceral, marcaram sua presença no festival.

Os Decréptos, outra banda representante do punk rock, já pela segunda vez participando do BH Indie Music, são escolados. Rodrigo Decrépto (bateria) lidera a banda que canta principalmente sua intenção maior que é sobreviver. Sobreviver a tudo e a todos. Daniel (voz), Gustavo (guitarra), Fábio (guitarra) e Diego (baixo) compõem o time que cantam o cotidiano, a boêmia e o terror trash. Mas está lá também a fala social, tenha certeza. Fuga? Não, apenas pausa para retomar fôlego e continuar a marcha. A banda se apresentou desfalcada de seu vocalista, mas com ex-membros e fãs atentos, levou à platéia o que ela esperava, punk rock e diversão.

Domingo, 11/09
Apresentações: Junkbox (BH) e Ek-Vertep (Suzano-SP)


Abre a noite de domingo com a clareza cristalina de mezzo-soprano, Malu aires, a voz, guitarra e mente diante da Junkbox entoa e evoca em suas mensagens lançadas ao mar o canto dos lúcidos. Sonorizações difusas e propositalmente sujas, confusas, simulação de uma babel contemporânea. Rafael Dinamarque (baixo), preciso. Como a dizer: Malu, faça o que desejar com sua voz e sons de sua guitarra. Estou aqui. Daniel Pertence (bateria), analógica e eletrônica. Desenhando em sonoridades personais, os fantasmas, as tensões e a busca de ar após a nervosa e avassaladora força expressiva de sons e vozes. A cantar o profundo e insondável em cada um, ao provocar uma indesejada pausa na respiração para avaliar. Esta é a vida possível? Uma apresentação precisa e contundente, em dinâmicas que alternam a suavidade de lamentos e certezas com a fúria e força de decisões e repúdio ao mal, à hipocrisia e à falsidade. Tudo lá, diante dos que não dormem mais tão desprotegidos assim, ou pelo menos desavisados após a canção de ninar possível. Afinal não são dias serenos e calmos que vivemos, ao contrário são repletos de expectativas incomodas e incertas. Noite de domingo especial, arte em sons, imagens e intensas doses de realidade. 

Ek-Vertep, apresentação com a mesma força expressiva da noite anterior, porém depois da estréia, muito mais tranquila para os músicos da banda, descontraída, Déia Carvalho, esquece seu capotrasto, faz seus companheiros de banda improvisarem e sorri. As falas de Johnny Medina (baixo) durante sua performance com tintas e pincéis ao ilustrar seu segundo painel em BH, talvez um Franknstein, buscando como todos e sempre a aceitação e libertação dos limites físicos e pré estabelecidos. Johnny Medina, pedia aplausos e a platéia retribuía agradecida pela noite cheia de arte e sensações outras. Sim, vale sempre sim, sair e viver. Viver e ouvir canções, vozes e sons que apenas a mente de cada um concebe diante das expressões vindas de um palco, ou ali como fez Ek-Vertep, com projetor e papéis em branco e prontos para a forma que a eles fosse determinada. Salve os que podem adentrar à caverna depois das visões e percepções adquiridas. Salve a música e os que dela se alimentam.

por Edison Elloy
fotos Marcos Ganndu






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