Particularmente, tenho gasto um tempo incomensurável pensando e agindo sobre o mercado independente.
Em 2008, a "cena independente" ganhou destaque nos veículos de imprensa, no interesse de produtores, na inspiração de agitadores culturais e no reconhecimento do grande público.
Trabalho cumprido, como se findado.
Mas, e depois? O que mais as bandas querem e precisam?
Não em vão, faço estas perguntas e, num cenário tão novo, onde alguns já entram em deslumbre, se torna cada vez mais complicado conseguir respostas. E como sabemos o que queremos se nunca o tivemos, nem em exposição?
Um passo após o outro...
E quais os passos, não só decisivos, mas que criem colunas de continuidade produtivas, de importância, relevância para o cenário onde atuamos?
Se perguntar para apenas um, a direção não será de comunhão e acordo coletivo. Se me faltam respostas coletivas, como continuar o caminho, senão agindo por conta própria e risco? Principalmente, porque um trabalho como o BH Indie Music, não é o de produzir bandas. Muito menos o meu, de cumprir ordens.
No que as bandas estão dispostas a trabalhar pelas suas próprias conquistas?
Nos guiamos pelo que pensamos. Agimos pelo que acreditamos.
Venho me atendo, nos últimos meses à construção de diálogos. O que é bem diferente de se falar sozinho.
Em algumas situações, me deparo com relações nada produtivas. Muitas de benefício próprio, de vantagem fácil, de usufruto de ações que não lhes pertencem, mas que lhes dão méritos e visibilidade. E na pior das hipóteses - vantagens financeiras apenas ao proponente.
Não que o dinheiro não seja bom. Ele é o resultado comprovado do nosso trabalho. É o mote da nossa independência artística.
Mas minha experiência pessoal com cafetões culturais, me faz enxergá-los à kilômetros de distância e, então, distancio mais.
Alguns dizem: "- Malu, marca as datas aí em BH e depois a gente conversa."
Não acho que devamos provar nada pra ninguém. Não negociamos vantagens, negociamos possibilidades. Não negociamos pra nós mesmos, negociamos entre nós mesmos. Estamos todos juntos nos benefícios das nossas ações, ou não falamos a mesma língua.
Nossas atividades em Montes Claros, só foram possíveis porque conseguimos dialogar e encontrar, em cada um dos pensamentos independentes, uma busca em comum: o mercado sustentável para as bandas independentes.
Acreditamos que as bandas independentes são livres de organizações ou grupos, no entanto, devem manter a responsabilidade da construção deste mercado, juntas.
Que se conseguirmos estabelecer regras neste mercado para as bandas, buscando nossa sustentabilidade e auto-gestão, daríamos um passo fundamental para a completa independência das bandas independentes.
Não colocamos a responsabilidade das cenas locais sob a responsabilidade local. Colaboramos quando encontramos as dificuldades, em ambas as partes. Não fazemos exigências, nem solicitações como se fossemos produtores do meanstream. E em nenhum momento, nos falta o respeito e a cordialidade - uma regra básica. Damos o que recebemos. Provamos as ações em realizações.
Conseguimos estabelecer as relações pessoais entre BH e Montes Claros, com um curto, mas tão produtivo diálogo real, que estamos agindo exclusivamente via web - virtual.
Pensamos da mesma forma, temos as mesmas idéias e preocupações. E como é bom quando encontramos similaridades em ações e não confrontos.
Nos próximos passos, as relações comerciais viáveis serão discutidas, negociadas e trabalhadas em conjunto. Já não pensamos mais em bandas de BH, ou bandas de MoC. Nem tão pouco em bandas de Minas Gerais. Não queremos o isolamento. Pensamos em bandas independentes de produtividade, qualidade e responsabilidade ética de todo um país. Trabalharemos na construção de uma grande rede de diálogos e ações conjuntas. Numa grande teia de trajetos possíveis para ganharmos espaço e campo de produção.
O fomento é dirigido ao "mercado de música independente". É neste que o BH Indie Music se propôs a trabalhar desde 2008 e tem continuado. E é desta prioridade conjunta que todas as bandas independentes precisam.
Foi o passo dado, junto ao Instituto Geraes de Montes Claros. A sustentabilidade das bandas para que possam arcar com viagens curtas ou longas, em regime de auto-gestão. Que possam vender seus discos em outras cidades, que possam estreitar suas parcerias e apresentar seus produtos aos interessados locais. Que possam sustentar sua produtividade fonográfica e se beneficiarem de um mercado produtivo, não para a cena que muda de quadro a quadro e de mão em mão, mas para o sujeito mais importante dela - os criadores da música independente.
Esperamos, ambos os projetos, encontrar, cada vez mais, mais parceiros antenados e ocupados com a música e com as pessoas dela, país afora. Mais gente da música trabalhando neste mercado e menos produtores surdos, cegos e mal-intencionados.
Esperamos que todos sejamos, também, independentes destes equívocos culturais e mercadológicos que, por pouco, não baniram a criatividade e qualidade artística na música.
JUNKBOX EM MONTES CLAROS - A viagem
Já peguei algumas estradas de Minas e sou mais escolada na Fernão Dias, confesso.
Apesar da pista ser única em boa parte do trecho, a BR135 é mansa. Contudo, o grande tráfego de carretas e caminhões retarda a viagem que poderia durar até 3:30h.
Chegamos muito fácil ao local, porque não entramos pelo centro da cidade. Chegando em Montes Claros, ao final da descida íngreme sinalizada pelas placas, encontramos um trevo indicando Pirapora. Contornamos e entramos à esquerda. Seguimos até o final da avenida, caímos num trecho da BR365, viramos à direita e, passando em frente ao Parque Municipal, viramos à esquerda na Av. Pedro Augusto Veloso. Contornamos o Parque e estávamos lá. O movimento denunciava.
A festa já estava instalada e o público chegando.
Foto: Samule Fagundes
O Danilo pegou a gente e nos levou pra jantar. Preferimos um sanduíche, dado o tempo que tínhamos e a falta de apetite que a ansiedade pelo show já provocava.
Ele fez questão de pagar a conta. Eu deixei uns CD´s à venda com eles, para que ele pudesse cobrir estes gastos. Vendemos outros tantos no local que nos ajudaram com a conta do posto de gasolina.
Faríamos o show e voltaríamos pra BH, de madrugada. Como sabia que ele estava agilizando um Hotel pra banda, pedi que não se preocupasse com esta questão para a Junkbox.
Cometemos uma tentativa de suicídio, mas eu deveria estar em BH às 8 da manhã de domingo, por causa do Jotta, baterista da banda. Fui e voltei dirigindo naquela noite - (844 Km).
Voltamos ao local, após o lanche, e a casa já estava mais cheia.
Seríamos os primeiros a tocar porque estaríamos pegando a estrada de volta.
No palco, só equipamentos de primeira. Tinham 3 amplis disponíveis pra guitarra. Bateria afinada e o Carrapato na mesa.
Então, começamos com Jingle propositadamente, que por se tratar de uma instrumental, nos ajuda a regular a volumação de palco, sempre.
Mal dei o primeiro acorde, a luz abaixa e um sistema de iluminação reflete a banda. Pensei: -"putz! pensaram em toda a produção artística e não só na logística do evento..."
São detalhes que me chamam a atenção e que, infelizmente, passam despercebidos por grande parte das bandas que chegam, tocam e saem. Por este histórico, produtores sangue-sugas pouco se preocupam de onde você vai tocar e se devem gastar seu tempo pensando em equipamento e estrutura, já que confundem música com barulho, trabalho com divertimento.
Mas gente de banda, que sabe quanto custa uma palheta, um encordamento de baixo e um par de baquetas bacanas, um período de ensaio e um bom amplificador, pensa diferente. E trabalha em dobro.
Shows: Junkbox e 4 de Copas - Cobertura pela A.R.M.C.R.
Dessa forma, presenciei e experimentei ótimos sistemas de sonorização, quando em eventos organizados por músicos criadores. Me refiro ao 1º Circuito Catrumano de Música Independente e, também ao Grito Rock Vespasiano, realizado pelo Coletivo Azimute. Ambos de exemplo pra quem quer promover shows de música.
Inevitável que, com essa assessoria sonora, o público não reconhecesse o trabalho e o ouvisse em nitidez.
Conseguimos levar um set de autorais inéditas ao público, mas de reconhecimento e aceitação deles, imediata.
O público não foi generoso, foi participativo. Estava presente nos dois sentidos: físico e de espírito. Se deixaram levar pela viagem que proporcionamos e fomos juntos até o final do show.
Em seguida, a banda local 4 de Copas se apresenta. Um instrumental extremamente redondo e uma cativação do público, notória. Quando após uns 30 e tantos minutos de apresentação, começam a tocar músicas conhecidas e não autorais, caiu a minha ficha, do quanto tínhamos sido ousados com a apresentação proposta e do quanto fomos sortudos de encontrarmos um público tão receptivo ao novo.
Montes Claros está mais que preparada para a música independente (autoral). Parabéns a todos os agitadores locais que compraram esta batalha e que hoje podem oferecer aos artistas criadores da música, mais um campo fértil de atuação e mercado.
Meu agradecimento, mais que especial, ao Danilo (Instituto Geraes), por toda a tal cordialidade aqui citada, ao Tim, ao Ale Fudaum, que ajudam o Instituto Geraes em suporte físico e na amizade que têm em comum, ao Studio Rock pelo apoio estrutural, ao Carrapato, pelo ouvido afiado, ao Fred e Possilga (Associação do Rock) pela cobertura atenta e bem produzida, além do grande agradecimento pela presença do público - prova fundamental do sucesso de uma realização.
Entrevista e Cobertura pela A.R.M.C.R.
Dia 04, no próximo sábado, a banda As Horas estará representando nosso mercado de música independente de BH. Mostrando ao público a qualidade que eles merecem ouvir de nós.
Lá, a dobradinha será com a banda Sofia que virá para BH, no Projeto Matriz, dia 9 de abril.
Fé na estrada David, Ivan e Victor. Tragam as suas próprias impressões pra este blog quando voltarem. E visitem o blog do Instituto Geraes que já anuncia com animação a chegada de vocês.
Já aproveito para convocar a todos para o dia 02/04, no Matriz quando, não só estaremos promovendo mais uma Pré-Seletiva do BH Indie Music, mas levantando os fundos necessários para uma viagem tranqüila da banda As Horas em Montes Claros.
Chegou a hora de vocês ajudarem e colaborarem conosco, para que a organização do BH Indie Music possa ter justificativa em unir e reunir tantas bandas independentes e trabalhar pelo mercado sustentável para todos.
Agradecemos à A.R.M.C.R. pelas imagens e fotos cedidas para esta publicação.
Créditos: Samuel Fagundes
Links para que todos conheçam a conectividade em Montes Claros:
por Malu Aires
Oi Malu tudo ok? Então bacana o blog, e tambem o texto sobre o Circuito Catrumano. Eu vou aproveitar, e te cobrar o link do meu blog aqui, lembra que combinamos? O do Bh indie já tá lá. Mas enfim, espero que mantenhamos o contato. um grande Abraço e ate +.
ResponderExcluir**Caso não se lembr e o endereço é www.jornalismopossilga.blogspot.com
Agradecemos pelo apoio dado ao Insituto Geraes, a Montes Claros e suas bandas. Foi aberta uma porta super bacana para apresentações em BH...
ResponderExcluirForam os primeiros que acreditaram sem nenhuma burocracia sequer e sempre pensará no GERAL que é o mais importante neste momento.
Abraços... de todos do Instituto Geraes!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAre you a fan of online learning? Here is https://nerdymates.com/blog/online-learning an info for you.
ResponderExcluir