terça-feira, 16 de dezembro de 2008

3 X 2 = 6 SHOWS EM UMA SEMANA

ENSAIO À CORRERIA


Essa semana, lembrei-me da correria do II BH Indie Music. Chegamos a estar, simultaneamente, em 4 lugares diferentes, num mesmo dia. Finalizando o show vespertino do Matriz, enquanto abríamos os shows do Minueto, correndo com banda pra passagem de som na Obra e montando som e palco no Estúdio B Music Bar, tudo isso num único sábado.

Mas essa semana foi bem folgada perto do que fizemos em setembro.

Foram 2 shows no Projeto Matriz com Jonas! e The Hell's Kitchen e 2 dias no Nafta, sendo 2 shows por dia. Na sexta, Os 4 Ventos e Manolos Funk botaram tudo no palco. Pelos de Cachorro e Mário Bróz esquentaram a noite chuvosa de sábado.




Vamos falar um pouco de cada dia...


PROJETO MATRIZ - QUINTA DIA 11/12
the hell's kitchen project & jonas!


Duas bandas alternativas na noite. Desta vez, com The Hell's Kitchen Project, o sentido alternativo se fez mais singular.


A banda é formada por um trio não-convencional - voz-baixo-bateria. Não, não me esqueci da guitarra. É que ela não existe mesmo. Uma ou outra vez, impaciente, Jubão leva sua Gibson pra por confusion na cozinha do inferno. Mas não é regra. A guitarra não existe pros TKP.


Livre, uma voz rasgada, sussurrada no ouvido, como daquele diabo que vez ou outra se encosta atrás dos nossos ombros, lambe um 55SH. Beija-o, abraça-o e dança com ele (ou ela). O nome deste cara é Jon. A performance vocal do cara é rica em nuances experimentais de agudos bem tonados à graves executados com a tampa da garganta em vibração.


Mantém volume. Dispara sussurros e falas em métricas bem marcadas e bem respiradas.


Em inglês fala sobre amores sem vínculo de paixão mútua.


Na cozinha, o baixo busca uma timbragem distorcida - nada convencional, digamos. Daí, a embriaguez sonora é lançada, com a chegada da bateria marcada, sub-dividida, em solo desacompanhado, livre. Em ritmo de música eletrônica, com baquetas seguras, pontua a batida seca e dançante, vibrante. As regras pro baixo são claras - muitas notas e haja dedos.




Jonas! leva uma legião de fãs que conhecem as canções e engrossam o coro do refrão.
Em power trio, a banda vem mandando um rock melodioso com riffs nervosos e impacientes, tal qual um amor recusado. O som que a banda tira com baixo, bateria e guitarra em distorções somadas, envolve os temas e os encaminham na direção correta.

Jonathan canta para a platéia atenta, mas suas canções tem dono, destinatário. E sua ausência é notada na melancolia de cada frase. E o narrador parece solitário, em abandono.


Não perguntei a eles sobre os temas e histórias que envolvem suas canções, mas nem preciso. São experiências pessoais explícitas.
Entre as músicas, temas infinitos permeiam solos para guitarra. Uma guitarra que parece partir, sempre. Ou seguir um caminho.


A temática amorosa é atual e descreve os desencontros de uma juventude que não conheceu o amor.


A inspiração romântica do grupo é apresentada quando surgem releituras do rei Roberto no set list. Ponto alto do show e matada a charada.


PROJETO NAFTA - SEXTA DIA 12/12
os 4 ventos & manolos funk



Montar a grade no Nafta foi coisa de louco. Mandamos convites, as bandas não abrem e-mails. Pedimos respostas urgentes, as bandas dão urgência 10 dias depois. Outras bandas na espera, minha banda na reserva pra suprir qualquer deslize ou furo. Como em tudo, vence quem chega primeiro. Recado mandado.
Os 4 Ventos, vem mostrar, pela primeira vez, seu som no Nafta. Também se faz parte importante deste projeto apresentar as coisas legais que vem aparecendo pra lugares que não as apresentaram ainda.


Mesmo que a banda tenha passado recentemente pelo projeto Matriz, esta foi uma das bandas que perderam 2 shows no II BH Indie Music, quando cancelamos o Minueto. Fizemos o que achei por bem e certo. Então, com vocês, mais uma vez, Os 4 Ventos.
A chuva parecia atrapalhar aquela noite. Eram 8 e meia e parecia que não iria parar tão cedo. E não parou. Contudo, o público chegou e o Nafta se transformava em uma pocket casa de espetáculos.
Não vou repetir a narração da performance da banda, mesmo porque ela é redonda. Mas o palco do Nafta requer equilíbrio. Um passo pra direita, você invade a área do baixista. Um passo pra esquerda, do guitarrista. Um passinho para trás e você caiu em cima da bateria.
Claro que eu tô exagerando em bons meio-metros. Mas o que quero dizer é que as performances corporais são comedidas no Nafta. E isso altera o comportamento musical de muitas bandas, o que pode ser um risco.
Não foi esse o caso. Cristiano postou em arco espinhal e girou como pede o que canta e deu tudo certo.



Quando chega o Manolos Funk, já entrávamos na meia-noite. Mas no Nafta é diferente. Ele, ao contrário dos pubs londrinos, começa a esquentar às 11 e tanto.


Com o som quebrado, funkeado que mandam, qualquer sono é espantado.
Eu consigo sentir o Manolos Funk em grandes palcos. Até vejo o Guilherme passando de um lado ao outro num grande tablado como os dos Pop Rock mineiros. E brasileiros, por que não?
A banda tem aquele apelo pop que é um pouco raro na indie musica. Mas um bom apelo pop. Misturam ritmos, guitarras pesadas e vocal limpo. E que baixo toca o Marcelo, povo!
Vamos ver se consigo ser mais clara...

O estilo pop exige pé direito - bumbo marcado. Exige que a galera ponha as mãos para o alto, exige um vocalista carismático e forte animador de platéias. O Manolos Funk tem tudo isso e mais, tem ineditismo. Não usa fórmulas repetidas. Torço, e muito, por vocês, Manolos.


PROJETO NAFTA - SÁBADO DIA 13/12
pelos de cachorro & mário bróz


Essa foi a mistura mais estranha que provocamos nas grades do BH Indie Music, até então. Pelos de Cachorro tem um som sombrio europeu, enquanto Mário Bróz é pop com inteligência brasileira.
Mas acredito na receita. Arroz com passas, chocolate de pimenta...

Entra no palco Pelos de Cachorro e apresenta um mix dos dois álbuns lançados pela banda. No meio, "Exit Music" do Radiohead.

Quando vi a banda pela primeira vez, e contei o número de guitarristas no palco, logo me veio à cabeça a composição de OK Computer. Uma experiência da banda inglesa que originou num único álbum nesta formação. O disco é um clássico para todo o indie. E eles bebem quietos na fonte, numa continuação desta pesquisa rompida por Yorke.

Destaco AmorTe. É uma de suas músicas que chamam a atenção da platéia, muito acredito que pela boa colocação da timbragem barítono para a canção.


Em seguida, Mário Bróz.

A fonte de inspiração da banda vem do pop rock brasileiro.
Depois de 3 álbuns autorais, a banda se lança num projeto de releituras do rock nacional.
E imaginemos juntos...
A platéia do BH Indie Music, habituou os ouvidos para obras inéditas. O que pensavam daquele repertório recheado de boas, mas conhecidas músicas?
Não entendiam nada. Assim, temperando o list com músicas próprias, adivinhem onde se ouviam mais palmas?
Esse resultado é extremamente positivo pras nossas ações. Prova dele é o incentivo, via palmas, da construção musical autoral nas bandas.
Entre os prós e contras, nestas já consagradas canções apresentadas pela banda, pudemos ouvir e ver a capacidade e técnica musical dos músicos no palco.

Não era minha primeira vez na platéia do Mário Bróz. O primeiro show que pude assistir foi no Estúdio B Music Bar na primeira semana do II BH Indie Music.
Mas naquele sábado, turbinado com o super cabeçote Marshall do Nafta, Visso estava muito à vontade e satisfeito com o equipamento.
Com direito à caretas, lançava o braço da sua guitarra contra si nos susteins. Com escalas definidas, notas curtas e limpas, pudemos ver um grande guitarrista mineiro naquela noite.
A banda toda esbanja talento e gostei muito do que ouvi. Mas, confesso: penso que o repertório autoral é o que definirá sempre Mário Bróz.

por Malu Aires


foto: Marcos Ganndu e Marco Antônio

8 comentários:

  1. Primeiro Manolos Agradecem. Não pelas gentis palavras da Malu neste texto. Mas pela oportunidade que ela e sua equipe proporcionam pras muitas bandas da cena independente de BH.
    Manolos esta aí pra ser usado e abusado pelo BH INDIE. :)
    Abraços pra todos.

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  2. Putz, não consigo imaginar uma maneira de agradecer pelas suas palavras Malu !!!!
    Valew mesmo !!!!

    Gustavo Rique [ M.F ]

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  3. PÔ, MUITO OBRIGADO MALÚ PELO CARINHO E PELAS PALAVRAS!!!

    POIS ÉH... O MÁRIO NEM PRECISA EXPLICAR SOBRE INFLUÊNCIAS... 70% COM UM REPERTÓRIO EM RELEITURAS MESMO.. UM ESNSAIO COM O "LADO B" DO ROCK NACIONAL. MAS NUM PRÓXIO NO BH INDIE, PODE CONTAR COM O CONTEÚDO DO "REALIDADE VIRTUAL" NOSSO CD!!! E QUE GOSTAMOS E MUITO DE TOCÁ-LO...

    GRANDE ABRAÇO PRA VC E PRA GALERA DO BH INDIE...

    VISSO, VOCAL E GUITAR DO MÁRIO BROZ... BHZ/MG

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  4. Maluuuuu muito obrigado pela oportunidade de estar no Nafta pelo BH Indie! Agradeço demais as palavras sobre o nosso som e pela iniciativa deste blog tão bacana! :) Sucesso sempre e como o Fred disse, estamos ai para sermos abusados! akakkaka Grande beijo!

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  5. putaqueupariu!
    obrigado é pouco
    pra expressar o quanto o pessoal da jonas!
    gostou da resenha! muito obrigado mesmo!
    precisando, tem todo nosso apoio malu.
    :P

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  6. Bacana Malu, é sempre uma honra tocar em tudo que vc está envolvida! Abraços

    Ricu (M.F.)

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  7. O blog tá bacana mesmo!
    estou gostando(muito mais que o multiply!!!)
    rs
    ps1.na quinta, minha guibsonera na verdade uma Yamaha, conhecida pelos intimos como Excalibur!!!
    ps2.ela está só aguardando o convite pra fazer o som com vcs!

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  8. Para nós dos 4 Ventos foi uma honra ter participado desse projeto. Nós que estávamos entocados no estúdio por mais de cinco meses, trabalhando intensamente e ainda não sabiamos onde e como iríamos nos apresentar para o público. A iniciativa de Malu, essa agitadora cultural de espírito inquieto e visionário foi o que de certa maneira apresentou ao publico mineiro e também ao resto do mundo ( virtual)o trabalho dos 4 Ventos. Um grande abraço de seu amigo e parceiro. Cristiano Helena.

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